sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Casa

Por várias vezes fui convidada a falar sobre as minhas aventuras em Israel e para meu espanto, de cada vez que dei uma "palestra" as salas encheram-se para me ouvir.

Não é comum este amor tão grande que eu sinto por tudo quanto é judaico. Nem o sei explicar, talvez venha no ADN, as gerações que me precederam e que foram perdendo a sua identidade judaica num mundo laico ocidental. O sangue é forte, costumam dizer e nele vamos encontrar resquícios do que fomos um dia. Uns (muitos) perderam-se pelo caminho mas eu fui recuperar a minha herança. Não sou religiosa nem nunca fui mas sou espiritual e tenho fé. Mas a identidade judaica é mais que sómente a religião de Abrão, Isaac e Jacob. É uma forma de estar na vida: o que podemos e não podemos comer, as palavras que não ousamos proferir, a literatura e as memórias mais negras que não esquecemos nunca. O orgulho de tantos feitos e tantos Nobels e tantos Pulitzers e tantas façanhas heróicas, pela sobrevivência e pela conquista.

Ninguém dá nada a ninguém, é preciso conquistar, manter, fazer evoluir. Os críticos de Israel não percebem que ter uma "casa" é a noção mais essencial à vida humana, o sentimento de pertença a algo, a uma terra, a um povo, a uma lingua. E que quando nos negam uma casa e nos tiram tudo, tem que se recuperar por palavras ou por força. Geralmente as palavras não são suficientes e como tal, resta a força. A força do mais forte, do melhor preparado e melhor equipado.

Não é por acaso que a tecnologia de ponta está em Israel e os melhores hospitais e desenvolvimento agrário. Nada é por acaso. E eu comprovei tudo isto quando lá estive. As pessoas não vão a Israel por medo ou por ódio. Eu sei que quem não vai é parvo. Perdem a oportunidade de ver um dos países mais fascinantes do mundo. Nem tudo é bom, claro que não; Gaza é triste e feio, Belém nega a entrada a quem não seja muçulmano; Jerusalém é um barril de pólvora. Mas a beleza que se encontra supera tudo isso.

1 comentário:

Margot disse...

Eu gosto de te ouvir falar dessa viagem e acho que transforma qualquer um. Ainda sou parva, mas tenho intenção de deixar de ser!