domingo, 29 de abril de 2012

While flying

Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que somando as compreensões, eu amava. Não sabia que  somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.

Clarisse Lispector

terça-feira, 24 de abril de 2012

Tutorial parte III

Quando eu tinha 16 anos conheci um homem a quem chamava "paizinho" (nome de código entre amigas); este homem foi um grande professor naquela altura, era trintão e muito sabido e sei lá eu porquê resolveu que me ia ensinar sobre a vida e os homens. Muito lhe devo sobre as ideias que hoje tenho, sobre o cepticismo e a descrença total na primeira impressão que um homem grava em mim. Ensinou-me que quase nenhum homem é honesto na sua abordagem, quase nenhum está realmente interessado em saber sobre o que uma mulher pensa; são as fases normais da conquista. Sacrificios a fazer para se chegar ao ponto desejado. E que as mulheres se deixam convencer muito facilmente, acreditam no cordeirinho com uma facilidade idiota. Mas a coisa fundamental que ele me ensinou e que ao longo dos anos, desde os 16, tenho vindo a reparar ser totalmente verdade é que a sedução é inteiramente feminina. São as mulheres quem ditam o ritmo, quem dirigem a acção, quem permitem ou proíbem a aproximação e nisto os homens não têm qualquer capacidade de inverter. Nenhuma mulher é rejeitada durante muito tempo, pode não conseguir estar com o homem que querem mas há milhões de outros disponíveis. Já para os homens isto não é bem assim...
Mas assim como a sedução é feminina, também o romance é. E é aqui que as mulheres se espalham ao comprido porque não conseguem dissociar um caso de um amor, tendem a confundir, achar que todo o sexo bom é para namorar, que todo o homem de quem recebem atenção é para ficar. E não é.

Tutorial parte II

Acredito que grande parte das nossas acções são consequência da sorte. É mais fácil pensarmos que temos um relação directa no interesse que provocamos numa pessoa mas isso não é verdade. É sorte e circunstancialismos.
Se eu for abordada em determinada altura em que me sinto receptiva é bem provavel que aceite ser "cortejada". Mas a mesma pessoa pode encontrar-me numa altura completamente diferente e com a mesma abordagem não surtir qualquer efeito. Isto porque as técnicas de engate são meramente circunstanciais, i.e., raramente a mesma linha de pensamento pode ser usada com todas as pessoas. A umas elogia-se o modo como se apresenta e como se move, já a outras vamos pelo factor psicológico. Logo, não há uma regra nem um padrão definido de como engatar miúdas, caro P.! Conheço aquelas que adoram flirtar e aqueles que odeiam; as que se sentem à vontade e as que ficam inibidas; as que gostam de ser caçadas e as que gostam de ser elas a caçar.
Mas no fundo, tudo se resume a isto, os homens pensam que nos engatam... quem os engata somos nós!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Tutorial parte I

O P. sugeriu-me um tópico para eu divagar: Técnicas de Engate das Miúdas Solteiras do Séc. XXI.
Ora bem... eu não costumo engatar miúdas; já tive as minhas aventuras lésbicas e tal mas foram elas que me engataram a mim.
Mas no que diz respeito ao engate masculino... enfim, há diferentes abordagens possiveis. É uma questão de criatividade. O P. abordou-me num bar de Salsa convidando-me para dançar! Conheceu-me era eu uma miúda comprometida e fiel e então não teve sorte nenhuma. Ficou uma boa amizade, que acredita P., é bem melhor que um engate! Mas acredito que um bom engate é aquele que tem muito sentido de humor e inteligencia. Não é com frases feitas nem narcisismos que se consegue a atenção de uma miúda. A Isabel Allende diz que o ponto G fica nos ouvidos... as miúdas gostam de ouvir coisas bonitas! Gostam também de atenções e cuidados. Gostam de estimulação cerebral e um flirt inteligente. Agora se me perguntam como um homem pode fazer isso... não sei! Há homens e homens. Há aqueles que são naturalmente sacanas e mestres na grande arte do flirt e há aqueles que são timidos e reservados.

Hortifloricultura

P. .... fuck off!
Achas mesmo que sei alguma coisa a esse respeito?
Poupa-me!

All the single ladies

É oficial, estou de volta ao fabuloso mundo das solteiras e determinadas!
E como é bom... as saudades que eu tinha disto!

Dia Mundial do Livro

O livro que li mais vezes foi provavelmente o Sem Familia, de Hector Malot. Li-o com oitos anos pela primeira vez e todos os anos o reli. Dizem que é um livro para crianças, eu acho que é um livro para a vida toda.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Até já

Não tenho vontade de escrever.
Não tenho nada para partilhar. Mudanças aconteceram mas não me apetece partilhar.
Estou tão bem, tão leve. Não, não mudei de emprego (onde há empregos?!) mas o chefe tem andado um anjinho e isso melhora o meu humor. A pós graduação vai bem. Os amigos vão bem. Só não me apetece falar.
Qualquer dia isto passa.

domingo, 8 de abril de 2012

Já disse que amo Drummond de Andrade?

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

sábado, 7 de abril de 2012

Quoting

Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois. A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. E o mais independente também. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto
no exato ponto em que foi interrompido. Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras, é receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento. Não é sentir nem sentir contra. Nem sentir para. Nem sentir por. Nem sentir pelo. Afinidade é sentir com. Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram, foram apenas oportunidades dadas pela vida.

Artur da Távola

quinta-feira, 5 de abril de 2012