quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Schlomo

Em Israel conheci o Schlomo, agora na casa dos 70, ele foi um menino de pijama em Birkenau. O Schlomo tem uma tatuagem que o acompanhou mais de metade da vida. Tem pesadelos com o que viu e nunca poderá esquecer. Mas ele sobreviveu, reconstruiu e recomeçou.
O Schlomo, que eu tive a sorte de conhecer (foi meu guarda-costas durante as minhas andanças no Neguev), é um herói aos meus olhos. Porque os heróis são também aqueles que nós não reconhecemos o rosto, nao lhes vemos a alma, mas que suportaram o insuportavel e sobreviveram para contar.
Transponho para o Schlomo todos os meninos de pijama. Conhecer sobreviventes tem uma força ímpar... não é descrítivel o que se sente ao abraçar uma pessoa que era suposto ter morrido da forma mais cruel possivel.
E sobreviveu. E viveu, fez familia, deu continuidade à nossa fé. Foi feliz, aprendeu a perdoar e a conviver com a dor de ficar sozinho no mundo, sozinho do amor e amizade que lhe tiraram na infância.

domingo, 26 de setembro de 2010

Can I walk with you?

A primeira vez que o vi não foi a primeira vez que o vi; foi a primeira vez que o meu coração esboçou um sorriso por vê-lo. Quando o vi surgir do escuro, lindo, de locks tão finas e ar tão rebelde, sinto que o vi pela primeira vez. Prendi o olhar e senti nas narinas o seu cheiro quente.
Empreendi uma verdadeira perseguição até captar o seu olhar no meu. Consegui prendê-lo num laço tão forte que ainda hoje sinto que não está desfeito, ainda há dias em que o seu cheiro não me abandonou, em que as mutações da lua que vimos param defronte dos meus olhos. Ainda hoje, ainda, e sempre, não tenho qualquer dúvida. Sabemos que há caminhadas a dois, caminhadas num sentido comum, numa vida afastada mas sempre ligada, por laços tão finos quanto fortes, laços de uma só ponta, comum, partilhada.
De que é feito afinal o amor? Agora já começo a descobrir... é feito do que vivi no intervalo da minha vida.

B.

sábado, 25 de setembro de 2010

Na corda bamba das letras


Fui convidada a escrever um coluna semanal num jornal que não direi a ninguém qual é.
O convite, para além da grande surpresa que me trouxe, foi proporcionado pelos elogios positivos e construtivos que um profissional das letras me fez, achando que eu sou merecedora de publicação. Disse que sou uma escritora e que devo desenvolver essa arte, conciliando com o meu trabalho.
A primeira reacção foi recusar, por vergonha e medo das criticas que sempre surjem; mas, e porque não? Que tenho a perder? Nem sequer preciso assinar os textos, criei um pseudónimo. E, mais ainda, quem é que eu conheço que perde tempo a ler colunas de jornais?
Já disponibilizei os primeiros doze textos, todos eles criados no ambito deste e do anterior blog, que servirão para as próximas doze semanas. E depois farei o balanço se valerá a pena continuar ou dar esta aventura por terminada.
Isto será, para mim, um verdadeiro andar na corda bamba, rumo ao desconhecido.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Mum says she looks like me



... and I find it funny!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Da felicidade


Os dias em que nos sentimos felizes por um qualquer motivo diferente do habitual são uma dádiva; contudo, os melhores dias são aqueles em que, sem motivo aparente, nos sentimos felizes pelo simples facto de sermos quem somos e movimentarmo-nos pelos meios a que pertencemos. Esses são raros, talvez mais raros que os primeiros; e contudo, necessitam tanto de nós para existirem quanto os segundos. Há dias que não precisamos de um estimulo, nem de um sorriso, nem de um presente, nem de um abraço para nos sentirmos gigantes de tanto afecto por tudo quanto nos rodeia. Hoje é um desses dias. Hoje é um dia em que não fiz nada de extraordinário, excepto trabalhar, em que ninguém me fez um elogio rasgado ou me expressou amizade ou gratidão, e mesmo assim sinto-me inchada de uma felicidade serena e uma gratidão pacata por estar aqui, a aproveitar o sol do céu azul e a companhia dos que me rodeiam. Felizes as coisas simples...

domingo, 19 de setembro de 2010

António Gedeão

Tu, eu
(e todos nós)

temos enredos na voz,

armaduras e espessuras

que nos encobrem de nós.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Crazy little thing called love


Solidez? Como se sabe que uma relação é sólida?! Nunca há garantias ou não haveria tantos solteiros no mundo. Mas porque insistem em mostrar-me que não devo acreditar nas estrelas? Sei bem que a menos que sejamos um Quixote, não devemos perseguir quimeras, mas não me posso permitir sepultar um sentimento sem lhe dar uma hipótese. Amo-te para cá, amo-te para lá. Lindo, mas insustentável. Nada de competições nem comparações, tolerancia para aceitar regras que não foram previamente estipuladas, nisto já acredito. Amor não é só poesia, haja discernimento, racionalidade, compreensão que união não é necessáriamente fusão.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

terça-feira, 7 de setembro de 2010

While flying

Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.


Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.


Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.


Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e fogo.


Pablo Neruda

domingo, 5 de setembro de 2010

Mr O.



Il y a longtemps que je t'aime


Jamais je ne t'oublierai...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A.M.

A.M. é um bombom de entre um pequeno leque de amigas da melhor colheita.
Deixa comigo os seus segredos mais ensombrados, os seus medos e os seus sonhos.
Sabes, sinto que ainda brincamos de princesas na areia, sim, e ainda rimos e fugimos do mar gelado... e sim, as nossas filhas serão muito amigas, tão amigas quanto nós somos.
A.M. é sinónimo de amor...