sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Jorge, queres sopa? Não!


Quando na última quarta feira escrevi o último post aqui publicado, já tinha um pressentimento que alguma coisa iria acontecer nesse mesmo dia. Não sou bruxa mas acertei.
 
O meu avô faleceu, aos 91 anos, quarta-feira dia 14 de Outubro de 2015, pelas 19.30h, perante a mulher, as duas filhas e a neta (eu).
Estávamos a dar-lhe a mão, já conscientes que seria uma questão de horas.
 
Fica-me o consolo de ainda ter chegado a tempo, ainda ter passado a sua ultima meia hora de vida com ele, a dar-lhe a mão, tão quentinha apesar do pulso já fraco.
 
O meu avô era uma pessoa com um feitio muito especial. Completamente anti-social, só gostava da família, de animais, livros e ópera. Não aturava fretes, não fazia conversa de circunstância, riscava a cara do Sócrates quando aparecia no jornal, lia as desgraças todas do Correio da Manhã e achava que seis da tarde já era perigoso andar na rua. Um autentico velho do Restelo.
 
Partiu tranquilamente, com a [sorte] de ter um cancro pulmonar rápido, o que lhe evitou maiores dores e sofrimento.
 
E ficará, para sempre, na memória e no coração.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Divagações numa tarde em que, como tantas outras, não me apetece trabalhar #2

Dizia eu ontem que 2008 é o ano que me lembro com maior facilidade e o mais importante.
Porque em 2008 recuperei a vontade de viver (ai o drama...), porque percebi que não faz mal ter desgostos, haverá sempre coisas boas a fazer-nos esquecer, porque efetivamente preenchi a cabeça e o corpo com uma série de amigos novos e experiencias novas que me ajudaram a sair da fossa.
E porque, a meio do ano de 2008, me apaixonei pela segunda vez.
 
No inicio do ano, e em plena fossa que já durava há cerca de dois meses, tive a feliz ideia de aceitar o convite para sair de um amigo dos tempos da escola, com quem nem me dava muito mas com quem ia falando pela internet. Ganhei coragem para sair do marasmo e fui. E foi maravilhoso, não por essa noite em si mas por todas as noites que se seguiram a essa, devido aos amigos fantásticos que ele me apresentou. Conheci mais gente nesses primeiros meses que em vinte e tal anos, porque uns amigos trazem outros e todos se tornaram amigos. E todas as noites havia festas, jantares, cinemas, tudo e tudo.
Chamo 2008 o meu ano sabático porque foi o ano, pelo menos a primeira metade, em que me esqueci de mim e me dei aos outros. Em que recuperei a alegria e a vontade de fazer coisas. Em que me ri e ri e experimentei coisas e fui a sítios nunca antes pensados. Ano sabático porque vivi as vidas dos outros e não a minha, que era triste mas começava a deixar de ser.
Comecei o voluntariado com os animais e com os idosos, comecei a trabalhar como hospedeira e a receber os primeiros dinheiros e comecei a ver-me mais como mulher e menos como menina. Os meus 22 anos foram espetaculares! Foi o ano que fui à Holanda para o Queensday com um amigo em que só fizemos disparates alucinógenos. Foi o ano que fui dois meses para Israel, que foi só a viagem da minha vida. Foi o ano em que fui à Jamaica e descobri a maravilha que são as Caraíbas e onde me apaixonei pela segunda vez. A meio do ano 2008 estava completamente curada do R. Já nem me lembrava que ele existia e que há um ano era tão feliz junto dele.
2008 foi também o meu último ano cheio de tempo livre e sem preocupações. Queimei todos os cartuxos de uma vida académica sem pressões, sem preocupações, cheia de férias e tempo para tudo. Em 2009 comecei a trabalhar e tudo mudou.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Divagações numa tarde em que, como tantas outras, não me apetece trabalhar


Tenho uma visão esquizofrénica do tempo, por um lado parece-me que 2011 foi ontem e não entendo como é possível terem já passado quatro anos; por outro lado, tenho imensa dificuldade em lembrar-me do que andava eu a fazer em 2011. Ou 2013, vá, por ser um ano mais recente.
Em quase trinta anos, o ano que me lembro com maior facilidade é 2008, talvez o ano mais emocionante para mim. Mas conseguir aceitar que 2008 foi há sete anos é-me muito difícil, já que isso significa que há sete anos tornei-me numa sessão infinita de rotinas, situações pelas quais passo e que não me deixam memória.
 
Em 2004 fiz dezoito anos e entrei na universidade, talvez tenham sido dois marcos importantes no meu crescimento. Lembro-me que em 2004 tive o primeiro namorado "a sério", entre aspas porque de sério não teve nada e foi só uma relação patética sem pernas para andar. A universidade também não deixou grandes marcas, talvez por não ter tido uma turma espetacular ou talvez por não ser a pessoa mais sociável do mundo, não criei grandes amigos lá. Passei seis anos na universidade mas não os passei realmente lá. Passei por lá. Fiz as coisas pelos mínimos, consciente que poderia fazer muito melhor mas simplesmente não me apetecia esforçar-me. Talvez por ter crescido entre facilidades, formatei-me de forma a ser diletante. Os últimos três anos do curso praticamente não punha os pés nas aulas, ia às frequências e exames e fui passando à tangente. Andava distraída com outras coisas. Hoje arrependo-me imenso. Acho que a vida académica pode ser fantástica e esse é um conhecimento que só tenho pela observação de terceiros. Eu não sei o que é. Ou sei, porque em 2012 fiz uma pós-graduação e tudo foi diferente. Diferente a minha atitude e a minha vontade. Não faltei a nenhuma aula porque gostei de tudo o que estava a aprender. Tive ótimas notas, fui aos eventos da turma, estudei com gosto. Aí sim fiz grandes amigos. Foi tarde mas felizmente conheci aquilo que evitei durante os seis anos do curso.
 
2007 é um ano que também me recordo por ter sido muito bom e muito mau. Em 2007 apaixonei-me pela primeira vez e tive um namoro decente. Pela primeira vez, sabia o que estava a fazer. Terminou no fim do ano e deu-me o segundo conhecimento de 2007: é tão bom descobrir o que é a paixão (o 1ª conhecimento) é tão mau sofrer um desgosto de amor. Foi o primeiro desgosto. Talvez seja, até hoje, o único verdadeiro desgosto. Parecia que a vida tinha acabado. Não estava preparada para lidar com a rejeição, não sabia que havia vida para além daquilo. Que os dias iam melhorar, que tudo passa e tudo se esquece. E por isso, voltando ao inicio deste texto sem causa nem nexo, 2008 foi o ano mais importante destes meus quase trinta anos de vida.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Olá Verão. Adeus Verão.


E de repente o Outono chegou e trouxe a chuva.
Este Verão foi fraco e o pré-Inverno começa cedo. E traz com ele a chuva e o vento e a gabardine e as botas.
Ontem dediquei-me a trocar a roupa de Verão pela de Inverno. Ainda não está frio mas já não dá para usar sandálias.
Detesto chuva. Detesto casacos. Detesto a moleza que os dias escuros me dão.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Quando um parágrafo te define


" Philip tinha poucos amigos. O hábito de ler isolava-o; tal era a necessidade desse hábito que, após algumas horas passadas em companhia dos colegas, sentia-se fatigado e inquieto. Orgulhava-se dos largos conhecimentos adquiridos através de inúmeros livros, mas não sabia ocultar, com o seu espírito vivo, o desprezo com que encarava a estupidez dos companheiros. "
 
Servidão Humana de Somerset Maugham