quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um indiano chamado Sol

Se identifico um sítio com determinada pessoa, o Sunny representa para mim o deserto de Israel. Palmilhámos juntos quilómetros sem fim de terra e pedra, numa camaradagem tão inocente e ao mesmo tempo tão íntima.
Ele foi uma lufada de ar fresco nos cinquenta graus do deserto e nos longos caminhos em que me apetecia desistir mas não tinha como. Por entre as ordinarices em punjabi e português, que já todos sabemos serem as primeiras coisas que se aprendem numa lingua estrangeira lá iamos escalando rocha atrás de rocha, o Sunny sempre na retaguarda a amparar as quedas.
Tinha um turbante, na minha opinião quase circense, que nunca tirava, não bebia alcoól nem comia carne. Tenho para mim que apesar dos seus vinte e cinco anos era uma pessoa tão pura quanto uma criança.
Tenho saudades do meu Sol, cujo sorriso nunca vou conseguir esquecer.

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