quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Schlomo

Em Israel conheci o Schlomo, agora na casa dos 70, ele foi um menino de pijama em Birkenau. O Schlomo tem uma tatuagem que o acompanhou mais de metade da vida. Tem pesadelos com o que viu e nunca poderá esquecer. Mas ele sobreviveu, reconstruiu e recomeçou.
O Schlomo, que eu tive a sorte de conhecer (foi meu guarda-costas durante as minhas andanças no Neguev), é um herói aos meus olhos. Porque os heróis são também aqueles que nós não reconhecemos o rosto, nao lhes vemos a alma, mas que suportaram o insuportavel e sobreviveram para contar.
Transponho para o Schlomo todos os meninos de pijama. Conhecer sobreviventes tem uma força ímpar... não é descrítivel o que se sente ao abraçar uma pessoa que era suposto ter morrido da forma mais cruel possivel.
E sobreviveu. E viveu, fez familia, deu continuidade à nossa fé. Foi feliz, aprendeu a perdoar e a conviver com a dor de ficar sozinho no mundo, sozinho do amor e amizade que lhe tiraram na infância.

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