terça-feira, 13 de outubro de 2015

Divagações numa tarde em que, como tantas outras, não me apetece trabalhar


Tenho uma visão esquizofrénica do tempo, por um lado parece-me que 2011 foi ontem e não entendo como é possível terem já passado quatro anos; por outro lado, tenho imensa dificuldade em lembrar-me do que andava eu a fazer em 2011. Ou 2013, vá, por ser um ano mais recente.
Em quase trinta anos, o ano que me lembro com maior facilidade é 2008, talvez o ano mais emocionante para mim. Mas conseguir aceitar que 2008 foi há sete anos é-me muito difícil, já que isso significa que há sete anos tornei-me numa sessão infinita de rotinas, situações pelas quais passo e que não me deixam memória.
 
Em 2004 fiz dezoito anos e entrei na universidade, talvez tenham sido dois marcos importantes no meu crescimento. Lembro-me que em 2004 tive o primeiro namorado "a sério", entre aspas porque de sério não teve nada e foi só uma relação patética sem pernas para andar. A universidade também não deixou grandes marcas, talvez por não ter tido uma turma espetacular ou talvez por não ser a pessoa mais sociável do mundo, não criei grandes amigos lá. Passei seis anos na universidade mas não os passei realmente lá. Passei por lá. Fiz as coisas pelos mínimos, consciente que poderia fazer muito melhor mas simplesmente não me apetecia esforçar-me. Talvez por ter crescido entre facilidades, formatei-me de forma a ser diletante. Os últimos três anos do curso praticamente não punha os pés nas aulas, ia às frequências e exames e fui passando à tangente. Andava distraída com outras coisas. Hoje arrependo-me imenso. Acho que a vida académica pode ser fantástica e esse é um conhecimento que só tenho pela observação de terceiros. Eu não sei o que é. Ou sei, porque em 2012 fiz uma pós-graduação e tudo foi diferente. Diferente a minha atitude e a minha vontade. Não faltei a nenhuma aula porque gostei de tudo o que estava a aprender. Tive ótimas notas, fui aos eventos da turma, estudei com gosto. Aí sim fiz grandes amigos. Foi tarde mas felizmente conheci aquilo que evitei durante os seis anos do curso.
 
2007 é um ano que também me recordo por ter sido muito bom e muito mau. Em 2007 apaixonei-me pela primeira vez e tive um namoro decente. Pela primeira vez, sabia o que estava a fazer. Terminou no fim do ano e deu-me o segundo conhecimento de 2007: é tão bom descobrir o que é a paixão (o 1ª conhecimento) é tão mau sofrer um desgosto de amor. Foi o primeiro desgosto. Talvez seja, até hoje, o único verdadeiro desgosto. Parecia que a vida tinha acabado. Não estava preparada para lidar com a rejeição, não sabia que havia vida para além daquilo. Que os dias iam melhorar, que tudo passa e tudo se esquece. E por isso, voltando ao inicio deste texto sem causa nem nexo, 2008 foi o ano mais importante destes meus quase trinta anos de vida.

Sem comentários: