quarta-feira, 16 de abril de 2014

Limbo

Estou desde segunda-feira à espera que qualquer coisa aconteça.
Quando uma pessoa está fraca e em sofrimento pensa-se que a solução é uma operação para consertar o que começou a falhar. Mas e se a operação envolver riscos tão grandes que a solução se pode tornar fatal?
Estamos no limbo entre o perder e o ganhar; a espera é um tormento, impede-nos de fazer planos, porque a qualquer momento tudo terá de ser desmarcado para acorrer a uma morte expectável mas ainda assim dolorosa.
E cada hora que passa e a pessoa se aguenta é uma vitória não celebrada, porque a iminência do desastre não nos sai de cima.
E vivo agora por etapas. Na segunda feira era esperar pela tarde de terça. Na tarde de terça era esperar pelo fim da operação, que durou quatro horas. No fim da operação, esperar pelo recobro. Esta manhã é esperar pela tarde, quando o meu avô for retirado da sedação e das máquinas ventiladoras. E depois ainda não sei o que será de esperar, se o descanso ao fim de três dias, se o fim e o descanso de um corpo cansado da vida aos noventa anos.
E enquanto espero vou pensando numa série de coisas. Que não casei e ele dizia-me que queria viver até ao meu casamento; que não tenho uma vida profissional que me dê gosto; que não tenho situação financeira que me permita viver desafogada. Tudo coisas que ele queria ver acontecer.
Mas por agora vou continuar a esperar.

2 comentários:

Margot disse...

Agora fiquei triste.

Anónimo disse...

Correu bemmmmmm!!!! (e ainda vai correr melhor)
D.