quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Kaddish

Invejo e admiro familias grandes, com muitos jovens e crianças, familias coesas, que gostam de passar tempo uns com os outros.
Infelizmente para mim, a minha familia sempre foi pequena, tanto do lado do pai como do lado da mãe. Para além de pequena, envelhecida. A minha bisavó dizia, aos seus cem anos, que esta nunca foi uma familia de crianças. Nem quando havia crianças, já que a sua máxima era que criança servia para ser vista e não ouvida.
Hoje, com grande pesar meu, a familia ainda encolheu um pouco mais... A cidade dos homens ficou sem um membro, a cidade de deus com uma nova habitante.
A dor da morte para os que ficam encurta a dor da vida aos que estavam a sofrer. Sabemo-lo bem e no fundo só nos podemos alegrar com a paz e o descanso que agora ela vai ter. Mas em nós ficam as saudades e a tristeza, e em mim em particular, ficam-me os remorsos. Remorsos de não ter sido mais, melhor. Remoo as vezes que me queixei e que apontei o quanto esta tia nos atrasava, nos prendia. E sei que fui injusta, que exigi demais de uma pessoa sem vontade.
O dia 11 sempre foi para mim um dia feliz, de boa sorte. Dia do meu aniversário e de marcos importantes da minha vida. Mas a partir de hoje, o dia 11 está ensombrado pela perda da minha tia. A primeira pessoa que me foi visitar à maternidade, no 11 em que nasci. E no 11 em que ela se foi, eu não estive lá.

3 comentários:

Anónimo disse...

Noutro dia 11 a minha tia também esteve lá e a sua perda muitos remorsos me trouxe. É um sentimento muito nobre que fica registado na corte celeste, minha querida.

M. disse...

Thank you love

Margot disse...

Li agora.

:(