quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sándor Marai

Ouve-me. A lei do mundo dita que se deve terminar o que alguma vez se começou. Não é grande motivo de alegria. Nada chega a tempo, nunca a vida te deu nada, quando precisavas. Sofremos longamento por essa desordem, por esse atraso. Mas, um dia, percebemos que uma ordem maravilhosa e perfeita habitava em tudo... que duas pessoas não podem encontrar-se um dia antes, mas só quando estiverem maduras para esse encontro.


(...) Não acredito em encontros fortuitos. Sou homem e conheci muitas mulheres... O que fazer, se estava à tua espera? - disse, quase gentil, sem ênfase, elegante e contido.


(...) Vês Eszter, o reencontro é quase mais excitante e misterioso do que o primeiro encontro... há muito que sei isso. Reencontrar alguém que amámos não é como voltar ao «lugar do crime», atraídos por uma necessidade irresistivel, como se diz nos romances policiais?... Eu só te amei a ti na vida, não com severas exigências e nem lá muito exigentes, sei... (...)


Tu não querias, na verdade, esse amor. Não te defendas. Não basta amar alguém. É preciso amar com coragem. Nós não nos amámos com coragem... foi esse o mal. E a culpa é tua, porque a coragem dos homens é ridicula em matéria de amor. É trabalho vosso, o amor...


In
A Herança de Eszter

Sem comentários: