segunda-feira, 5 de abril de 2010

Memórias da pele


Depois de muito tempo passar as memórias esbatem-se. Comigo acontece. Começo a esquecer-me de pequenas coisas, detalhes e progressivamente até as coisas grandes esqueço. O que fica é a pele. Das memórias da pele nunca me esqueço. Não foi isso que me ligou a ele? Não foi a pele que me levou a um mundo novo? A minha alma e a minha consciência são de ébano.
Estou a perdê-lo ou perdi-o já. Tinha que ser, o amor que triunfa perde-se no tempo. O nosso ficará intacto, a pairar sobre nós...
Estranhamente, estou calma. A paz inunda-me nestes dias que têm sido de ébano também... já estava preparada para este momento, aquele em que iria admitir perante mim mesma aquilo que há anos sinto: quem ama, liberta.
Não posso amarra-lo mais a mim sob a promessa de um futuro que não sei se posso ter... ou se quero ter...
Pelo caminho ficam sonhos, filhos que não tivemos mas que podiamos ter tido.
Nada está perdido, eu sei que não.

Sem comentários: