sexta-feira, 12 de julho de 2013

Entrega

Sempre encarei a religião como algo que nos acompanha ao longo da vida e que nos faz companhia. Escolhemos ser religiosos, escolhemos acreditar em algo, porque nos faz sentir bem e inseridos numa comunidade. Sentimos a partilha de valores e fé com os demais, que como nós, encontram conforto e paz na Palavra. Mas não me prendo a rituais nem cerimónias sagradas. Os rituais foram feitos pelos homens, não por Deus. Não concordo com uma série de práticas levadas a cabo por mandamentos ou impostos pelos líderes religiosos. Ou seja, vejo a fé como uma expressão muito própria de cada um de nós, da nossa consciência. Vivo a minha religiosidade num plano interno, poupando-me a manifestações públicas da mesma. Não serei menos amada por Deus, nem mais, por rezar, jejuar, dar esmola. Infelizmente não consigo retirar conforto interior de missas ou correntes de oração, talvez porque a religiosidade exterior, em grupo, sempre me soou a histeria coletiva. Há apenas um acto da religiosidade que me emociona, que me deixa de rastos emocionalmente. Não consigo ouvir um coro de igreja sem me desfazer em lágrimas. Acho que é das coisas mais bonitas de se ver e ouvir, as músicas que os grupos de jovens cantam. Em todos os casamentos choro e choro e choro, devido ao coro. Quando andava na universidade, todos os dias ia à missa na capela, à hora do almoço, só para ouvir o coro cantar, acompanhados pelas violas. É lindo. E é totalmente irracional esta reação que me provoca. Sou capaz de ouvir durante horas sem me cansar e a cada vez que ouço, começo a chorar.

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